Estação Central

Nos trilhos da história
A construção da Estação Central está ligada à edificação dos primeiros espaços públicos da nova Capital e à instalação do ramal ferroviário, inaugurado em 1895, em Belo Horizonte.
Nessa época, uma estação provisória, construída num barracão de madeira coberto de zinco e próxima ao local onde hoje se situa o prédio da Estação Central, fazia as vezes de entreposto e funcionava tanto para o recebimento do material necessário para a construção, como também, para o transporte dos trabalhadores que ajudavam a erguer a nova Capital.
A grande importância do transporte ferroviário atraiu as primeiras residências, indústrias, cafés e casas comerciais, que foram se estabelecendo ao longo da Praça da Estação e ali tiveram seu apogeu até por volta de 1945.
Da Estação Central partiam trens de longa distância que interligavam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória e às demais cidades prósperas do País. Já as composições intermunicipais atendiam municípios da Região Metropolitana como Betim, Sabará, Raposos e Rio Acima.
Inaugurada em 1922, primeiramente com o nome de Dom Pedro II, a Estação Central se manteve por muitos anos como a principal porta de entrada da cidade e, é hoje, um dos principais símbolos de Belo Horizonte. Em seu entorno fica a Praça Rui Barbosa, popularmente conhecida como Praça da Estação, codinome que faz homenagem ao prédio que há mais de um século exerce influência econômica, cultural e social em sua área de abrangência.
A cidade cresce - A popularização dos automóveis e o surgimento de novos meios de transporte coletivo diminuíram a importância das locomotivas, mas a expansão da cidade passou a exigir uma solução para o transporte urbano municipal, o que deu início à operação comercial do metrô, em agosto de 1986.
O trecho inicial era de pouco mais de 10 km e era feito por três trens elétricos operando em seis estações. No ano seguinte foi erguido o prédio anexo ao da Estação Central e para lá foram transferidas as atividades comerciais da CBTU, ficando no antigo prédio da Estação apenas a parte administrativa da Companhia.
Parcerias e responsabilidade social
A descontinuidade da exploração comercial do espaço, a degradação da Praça e de seu entorno, fizeram com que a Estação Central perdesse boa parte de seus elementos originais, mas não a sua importância histórica. Ciente dessa importância cultural, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) sempre se empenhou em debater a revitalização da Estação Central. Como parte desse esforço, em 2001, foi firmado um protocolo de intenções que tinha entre outras metas a restauração do prédio da antiga estação, incluindo a cessão de áreas e a implantação do Museu de Artes e Ofícios.
A parceira firmada entre o Ministério da Cultura, a CBTU e o Instituto Flávio Gutierrez viabilizou a execução da obra. Por meio dela, a CBTU cedeu, em regime de comodato, o edifício-sede da Estação Central que ocupa uma área de mais de 9 mil metros quadrados e o Instituto Flávio Gutierrez doou ao patrimônio público as peças que integram o acervo da instituição.
A exposição inaugural do museu, "Trilhos da Memória", abordou aspectos históricos e culturais da Praça e da própria Estação Central marcando o fim das obras de restauração do prédio e a entrega do monumento revitalizado. Além de devolver toda a beleza que marca a construção, a reforma permitiu a transformação dos túneis que ligam os dois prédios em galerias e a adaptação das plataformas em espaços de exposição permanente.
Contribuição histórica
A Praça da Estação, bem como o prédio da antiga Estação Central, seus jardins e monumentos figuram, hoje, entre os mais belos e imponentes conjuntos arquitetônicos do Estado e são uma contribuição histórica de importante valor artístico cultural e simbólico para a memória dos mineiros.
Apoiado desde o início pela CBTU, o Museu de Artes e Ofícios funciona como um núcleo de memória viva e um centro difusor de conhecimento na área museológica, atuando na formação e na capacitação profissional de jovens e adultos através de programas educacionais e de extensão cultural.
Além das exposições temporárias, o museu abriga hoje uma coleção permanente com mais de 2100 objetos dos séculos XVIII a XX que mostram a riqueza da produção popular, os fazeres, ofícios e artes que deram origem às profissões contemporâneas e um painel da história do trabalho e das relações sociais no Brasil, nos últimos três séculos. O espaço conta com salão de eventos, laboratório de restauração, centro de referência, lojas, áreas de convivência, auditório e salas de treinamento.
Os mais de 15 mil usuários que transitam pela área de embarque da Estação Central, instalada ao lado do antigo prédio Dom Pedro II, têm uma visão privilegiada de parte do acervo do museu e podem conferir diariamente parte da exposição permanente que versa sobre 13 diferentes tipos de ofícios, entre eles, o dos transportes.